terça-feira, 4 de agosto de 2009

cria do post anterior

procurando pelo decapitador acabei achando um outro cara que faz intervenções incríveis, mas fora do esquema de guerrilha urbana. me comoveu. judith supine. não sei nem o que dizer, viu. são lambes a partir de colagens, instalações, algumas esculturas, tudo verde, perturbador, lindo lindo lindo.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

decapitando

esse é um dos outdoors modificados pelo decapitator, artista de rua que ao que tudo indica é londrino e odeia publicidade. a técnica se resume basicamente em cola e photoshop, mas a idéia é fantástica.
ele andou decapitando por são paulo também, as fotos tão no flickr. a minha preferida, claro, é a da Daslu:


procurando mais sobre ele vi que tem gente por aí especulando se o fato dos decapitados serem na grande maioria mulheres não indica que ele é um filho da puta misógino. acho isso meio descabido, pelo menos partindo da minha interpretação do negócio todo. claro que, como em toda obra de arte, cabe a quem lê terminar de dar sentido então a gente sempre pode ficar procurando pelo em ovo sem perder a razão. mas não que ele realmente exista ou, existindo, seja visível como parte da mensagem intencional.

a questão é que: pra mim o que ele faz não é querer mudar a idéia proposta pela publicidade. e sim radicalizá-la pra gente perceber o ridículo da situação. não acho que a violência da decapitação seja direcionada contra a publicidade em si, mas sim uma forma contundente de mostrar a violência da publicidade e chamar mais gente pro combate de verdade. eu vejo como se o cara tivesse apontando pra uma coisa que ele considera que as pessoas não vêm, mas que tá lá. e as mulheres, mais do que os homens, são mutiladas na publicidade não é de hoje, né?

agora pra fazer uma retórica bem indigna eu coloco um vídeo de outra intervenção que eu achei mais interessante que os posters. david beckham, tão homem, sendo decapitado em uma edição de um jornal distribuido di gratis em londres.. pra provar que o decapitador não é... brincadeirinha, não é por isso não. a chuva se foi e o meu caráter voltou. é só porque eu gostei mesmo e não queria deixar de postar.
e, sim, eu sei que o assunto é velho.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

pelamordedeus,

não aguento mais chuva. essa nebulosidade toda tá acabando com o meu humor, talvez até com o meu caráter. preciso de sol, pra ontem. sem condições de escrever qualquer bosta enquanto ele não sair, meus pensamentos tão mofados.

domingo, 26 de julho de 2009

da bunda da chan marshall e outras questões...









Cat power, a oblíqua.

-----> (Como foi vista pelo lado esquerdo
do Via
Funchal sábado passado.)















Então teve o show da Cat Power semana passada, e eu fui pela terceira vez ver ela, que eu acredito ser a mulher da minha vida.
E, pela terceira vez, foi show sentado. Só que no auditório do Ibirapuera ainda havia a possibildade dela mandar a galera levantar como aconteceu no show em que ela substituiu a Feist. No Via Funchal, mesmo que ela fosse possuída pelo espírito da Courtney Love e da Ivete Sangalo juntos, era impossivel. Haviam mesas. Isso nunca deixa de ser estranho pra mim. MESAS! Entre as mesas havia garçons, que eu desconfiei serem retráteis porque só eles conseguiam circular no espaço entre as malditas mesas. Ouvi dizer também que eles tinham a finesse de cobrar as pessoas durante o show. Imagina que divertido você parar de olhar pro palco pra procurar SEIS REAIS pra pagar a sua ITAIPAVA QUENTE. Tá. Chega de fazer a consumidora chata.

Acontece que show sentado, a não ser que você esteja na cara do palco, não dá. Aquela galera suada, pulando, cantando errado as músicas e tentando partir o vizinho no meio sempre me pareceu um obstáculo, mas a sua ausência parece que deixa um vazio. Fica faltando conexão, não parece que a gente tá participando. Me senti no sofá de casa vendo o show numa TV com interferência e filmada por uma equipe que não sabe nada de enquadramento, já que o lado esquerdo do palco foi brindado o show inteiro com a bunda da Chan Marshall, e só. Então várias horas eu ficava lá olhando e o que acontecia no palco parecia tão distante que eu me pegava pensando no meu aluguel ou na volta pra casa ou em “quanto será que custa uma garrafa de Chandon aqui?”(R$280).

Além dessas mundanidades, fiquei pensando também nas pessoas que pediam músicas que, por supuesto, não iam rolar. Porque ela é daquelas que renega o passado. E como ela é o meu amorzinho eu faço aquele esforço de pensar que ela pode não aguentar mais tocar essas músicas (que eu também quero tanto ouvir). Que elas devem machucar, que ela deve ter enjoado delas, como a gente enjoa e tem vergonha das coisas que fazia antigamente. Daí os pedidos entre as músicas ficavam parecendo ordens. As coisas que eu pensava em berrar também: “Chan, talk to us” ; “Do the moonwalking, Chan”, etc, etc. Como se ela fosse um bichinho pago pra nos entreter e fazer valer o preço do nosso ingresso.


E, no fim comecei a pensar em platéia como uma coisa muito autoritária e contraditória. É um amor dominador. Porque sempre exaltamos a suposta independência dos artistas que gostamos, mas quando vamos vê-los gostaríamos que tudo fosse do jeito que planejamos. A gente quer tal música e que ela seja tocada de tal maneira, a gente quer simpatia, conversa, que eles gostem do nosso país ou cidade e, se possível, da gente. Queremos que o fato de estarmos presentes torne a noite única, não importa que a banda esteja tocando as mesmas fucking músicas todas as noites há vai saber quanto tempo.
Acho que deve ser muito fácil perder o tesão em tocar ao vivo, ou pirar e fazer os absurdos que a Cat Power fazia na fase alcoolizada dela. Por isso entre os xavecos possíveis durante o show, o mais certeiro seria: você parece tão solitária aí no palco, desce aqui e eu te pago uma cerveja.

Mas, enfim, de tanto pensar acho que consegui encontrar um tema pro meu tcc. Cat Power é vida, mesmo num show meia-boca.

terça-feira, 21 de julho de 2009

kadosh

fui num sebo procurar pela hilda hilst. achei várias hildas, muitas até para o meu pouco conhecimento. achei também um mocinho que entendia tudo dela, que até a conheceu e sabe de livros de cinco mil paus sobre champanhe e seu respectivo paradeiro, que tem exemplares assinados e que acha que um dia ainda vou gostar de poesia. ele escolheu o que eu deveria levar. me deu também um brinde e diante da minha indecisão ainda o escolheu. acertou em tudo.

acho que vou me mudar pro sebo, é tão bom não ter que escolher.

terça-feira, 14 de julho de 2009

cat power, o eterno retorno

Já que dessa vez vou ficar tão longe da Cat Power, sem chance de lançar cigarros como da outra vez, ou até um olhar 43, tenho que curar minha obsessão em vídeo. Essa entrevista é ótima, provavelmente da época que ela ainda chapava. Porque tanta hiperatividade, né? Só com ritalina ou...




e, adendo: que porra é essa de show com mesas? Pensei que esse tipo de coisa só rolasse em baile dançante do Fábio Jr. Se o Paulo Ricardo tiver na minha mesa eu posso pedir o dinheiro de volta?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

décadence sans elegance

"Eu queria poder parar de ser jovem. Ver a juventude partir seria uma coisa bonita, ver o que ela valeu, sua vaidade, dar a última olhada pra ela e então cruzar para o outro lado do tempo"
Gregory Corso


Quando eu era o tal
(When i was cool) talvez não seja um grande livro exatamente pelos motivos que seu autor, Sam Kashner, gostaria. Mas para mim são justamente as suas falhas que trazem a beleza e honestidade da coisa.

Kashner foi o primeiro aluno da delirante Jack Kerouac School of Disembodied Poetics
, escola de poesia fundada pela "alta cúpula" dos escritores beats . Pelos escritos dá pra ver que Kashner foi mais eficiente em cuidar do filho doente de Willian Burroughs, tentar manter Gregory Corso longe da heroína e datilografar poemas de Allen Ginsberg do que realmente aprender poesia. Sua escrita é meio pobrinha. Mas a graça está nos fatos: bom-moço judeu perdido em uma universidade budista vendo de perto seus ídolos literários (possivelmente as pessoas mais loucas que o século passado já produziu) na luta para manterem-se lúcidos e enfrentar a velhice com, pelo menos, uma certa dignidade. Chega a comover.

Além da diversão que é ter em mãos praticamente a revista Caras da geração beat ,o livro te faz pensar muito em decadência, integridade e opções de vida. Sam Kashner queria ser poeta e para isso foi procurar seus ídolos na Jack Kerouac School. Ele se assustou ao encontrar um amontoado de carne, cabelos brancos, desilusões, neuroses, inveja e ressentimento. O velho truque de descobrir que o seu ídolo pode ser um babaca aqui fica interessante porque em várias horas a gente se pergunta se o cabaço não é o próprio Kashner que parece tão fora de lugar, tão resistente a tudo que seria melhor ter ficado em casa.

Até porque, se na juventude o aspirante a poeta além do choque moral parece se incomodar com algumas concessões que os beats fazem para sobreviver (principalmente Allen Ginsberg, o mais pop de todos), sua derrocada também chega. Kashner vira professor universitário, jornalista (a decadência em estado puro) e desiste da poesia porque ficção dá mais grana. Aliás, o livro que cheira muito a caça-níqueis só foi publicado depois da morte do último personagem central , o Gregory Corso. Senso de oportunidade ou vergonha de seus mestres? A Anne Waldman, que continua viva, ele simplesmente ignorou. Talvez porque ela sempre tivesse se mostrado tão indiferente a ele que não havia como decepcioná-la.

No fim de tudo, como diz aqui, o Sam Kashner nunca foi o tal. Só um garoto achando que queria ser beat, descobrindo que não servia pra coisa e perdendo ilusões. Muitas. E isso nunca pode ser muito bonito, mas é a real.